terça-feira, novembro 24, 2009

Minha experiência.

Não culpo as empresas que não contratam aqueles sem experiência. Afinal, no mínimo há que saber qual trabalho será feito ou como fazê-lo.

Acho que as empresas perdem oportunidades de terem pessoas talentosas com elas quando não se dá uma chance a elas.

Como terei experiência nessa ou naquela área se ninguém me aceita? É um ciclo vicioso que ao meu ver atrapalha ambos os lados. Conheço inúmeras pessoas criativas, engajadas, organizadas, talentosíssimas que não conseguem entrar na empresa desejada pois não tiveram experiência naquele cargo, naquela área ou mesmo um portfólio. Eu sou um deles.

Falta um pouco de ousadia aos empresários e diretores.

Há um mundo de gente boa só esperando pra ser chamado para um cargo enquanto contratam gente (experiente) que não rende. Experiência não é sinônimo de talento. Talento e sensibilidade não vão no currículo.


Digo que experiência não está ligada a quantas vezes ou por quanto tempo aquela pessoa passou por uma situação. Experiência é o que a pessoa tira de qualquer coisa ou situação, mesmo que só tenha passado por ela uma só vez.

Chame pare uma entrevista, ao menos. A realidade sobre aquela pessoa vai muito além do seu currículo.

Se aquele candidato te convencer de que ele é o melhor, ótimo, contrate-o. Ele irá persuadir quem for e fará de tudo para sua empresa crescer. Arrisque mais. Acredite mais.


O outro candidato é maduro?
Eu pegava metrô sozinho, em Paris, aos 12 anos, todo os dias, para ir à escola.

O outro faz trabalho voluntário?
Passei 15 dias no interior do maranhão ajudando comunidades pelo Projeto Rondon.

O outro tem certificado de inglês?
Eu falo inglês, espanhol e francês, com fluência.

O outro é antenado e sabe sobre vários assuntos?
Eu desafio qualquer um em conhecimentos gerais e atualidades.

O outro estudou o marketing da Disney?
Eu fui funcionário da companhia e fiz uma monografia sobre o assunto.

O outro candidato tem experiência de 4 anos no cargo?
Eu tenho experiência de vida.


Garanto!

quarta-feira, agosto 12, 2009

Onde ficar

Já está (quase) tudo pronto. Todos os hotéis estão reservados (os 2 de Paris e o de Londres) e só falta comprar a passagem de trem pela internet.

Quando procuramos opções para se hospedar nestas duas cidades, nos deparamos com um MUNDO, mesmo se filtramos por preços. Fuxicando lá, garimpando acolá eu e meu pai decidimos testar esse hotel que irá nos abrigar nos 3 primeiros dias de viagem:

Hotel de 3 Collèges
http://www.3colleges.com/

Fica em frente à Sorbonne e pertinho do Jardim de Luxemburgo. O prédio é histórico e é possível aprender muito sobre a história da região pelo site do hotel. Os últimos quartos são muito legais.

Ao contrário de Paris, em Londres não tínhamos NENHUMA referência. Foi jogar no google e começar a saga do garimpo. Descobrimos um bem barato e bem simples, porém fica em um ótimo ponto:

Airways Hotel
http://www.airways-hotel.com/

Ele está mais para um Bed & Breakfast (muito comum na capital inglesa) e está perto de estações de metrô e trem. Algumas quadras do Palácio da Rainha. Veremos.

E para os 3 últimos dias de Paris ficaremos no Ibis, onde não há erro. Ibis é Ibis em qualquer lugar do mundo. Escolhemos um especial, que fica bem próximo do lugar que morávamos. É a vontade nostálgica de percorrer as mesmas ruas outra vez.

http://www.ibis.com.br (Ibis Bastille Opera)

Estou ansioso, estou empolgado, estou apressado. A ficha ainda não caiu.
Mas já, já ela cai.

terça-feira, agosto 11, 2009

É hora de voltar

E, depois de quase 10 anos, é hora de voltar. Espero por esse momento há muito anos e mal sabia eu que tudo seria feito repentinamente. Os poucos que devem ler esse blog conhecem a minha história e a minha paixão por Paris. Finalmente irei tirar férias no final do mês e poderei visitar aquela cidade que marcou a minha vida.

O melhor de tudo é que iremos (eu e meu pai) aproveitar para conhecer uma cidade nova para nós. Daremos um pulo à capital inglesa. Pulo nada, passaremos mais tempo lá do que na cidade-luz.

Chegaremos em um sábado e no dia seguinte iremos à feirinha BIO do Boulevard Raspail, onde passei vários domingos vendendo jornal e que citei em um post há uns dias.

A ficha ainda não caiu e quero compartilhar com vocês toda essa minha euforia antes, durante e depois.

À bientôt!

quarta-feira, junho 17, 2009

Conexão Paris

Este ano tive a grata surpresa de descobrir um dos blogs mais deliciosos de se ler: o Conexão Paris. Já citei ele aqui no blog e resolvi recomendar novamente, já que é um blog útil, além de interessante.


O blog é escrito por uma mineira que vive há anos na capital francesa e dá dicas de tudo, compras, hotéis, restaurantes, transporte, viagens, shows, parques e qualquer coisa interessante e necessário sobre a cidade mais charmosa do mundo. Os artigos são separados por palavras-chave no menu, o que facilita a busca por posts antigos e coisas que interessam.

Independente se você já conhece Paris, está com viagem marcada ou só possui uma paixão platônica, a leitura é indispensável pois é um blog constantemente atualizado e te faz despregar um pouquinho da cadeira e sentir o cheiro de pão, crepe e vinho.

À bientôt, mes amis.

quinta-feira, junho 04, 2009

Simulando a vida, novamente

Amanhã, dia 5, será o lançamento mundial do The Sims 3. Me lembro como se fosse ontem, eu, com meus 13 anos, fazendo gambiarras pra entrar na internet (teoricamente para pesquisas) do Centre Georges Pompidou em Paris. A internet era minha única amiga naquela época e ainda me recordo da notícia que anunciava o laçamento do primeiro The Sims. A manchete era a seguinte: "The Sims, o jogo que simula... a vida!". Meus olhos brilhavam. Sempre fui fã da franquia, que me proporcionou diversão até altas horas da madrugada, na época de colégio.

Aquela sensação de simulação da vida, onde eu mandava o boneco fazer o que EU quisesse, era legal demais. Havia variáveis externas e tudo podia dar certo ou errado. Aí veio o The Sims 2, onde tudo era novo. Os gráficos, os vizinhos, as opções. Agora você podia mandar seu Sim pra boate, restaurante e tudo mais. Mas sempre com cada mapa separado do outro.


Agora chegou o The Sims 3. Saí de cena aquelas necessidades básicas (e chatas) como fome, energia e entra a relação social do seu Sim com a comunidade. Esse é o foco da nova edição. E pra melhorar, o mapa é aberto! Sem mais limitações de terrenos, telas de espera pra mandar seu Sim em um bar ou demora pra carregar. Seu Sim agora pode sair andando por aí e você pode acompanhá-lo. Seja na prefeitura, no trabalho, espionando o vizinho ou batendo um papo na praça.

Já não tenho mais tanto tempo pra me dedicar a jogos de computador, mas já reservei o meu e assim que lançar, vou comprar.

Quero só ver quais expansões vem por aí. Ainda espero uma que foque TOTALMENTE no trabalho e te ensine alguma coisa.

quarta-feira, junho 03, 2009

VLT já!

Um dos assuntos que mais me tem interessado nos últimos anos, que me faz ir no Google Notícias e procurar notícias só de um mesmo tópico, é sobre a infraestrutura urbana. Urbanismo, mobilidade, obras viárias e agora, Copa de 2014 no Brasil, que engloba tudo isso. Leio cada notinha que sai citando qualquer intervenção viária nas cidades-sede. Como bom belorizontino, me interessei muito pelo plano de BH pra copa.

Um problema comum em todas as cidades é um problema do país inteiro: o da mobilidade urbana. O país quer, em 5 anos, tirar o atraso dos últimos 30 em relação ao transporte dos cidadãos. Dinheiro tem, e muito. Vontade política não tinha, agora tem. Até porque tem Copa do Mundo vindo aí e o retorno e o legado que um evento desses deixa é indiscutível. O que me assusta são os prazos. Não dá pra fazer TUDO, em 5 anos.

Belo Horizonte é uma cidade em obras atualmente, o que é ótimo pois é um sinal de que a cidade está progredindo e o dinheiro está entrando. As principais obras viárias hoje em dia são necessárias, mas isso só vai desafogar o trânsito por algum tempo. Pensem comigo:
- Estão duplicando a Avenida Antônio Carlos. Legal demais. Antes havia trânsito, agora não vai haver. E há corredores de ônibus na pista central. Pô, bacana. É o principal acesso do centro ao Mineirão. Eu, usuário de carro, estou achando muito bom. E todos os outros usuários também. Os usuários de ônibus também. Então, pronto? Todos felizes? Não! A frota de carros vai aumentar bastante nos próximos 10 anos e a Av. Antônio Carlos duplicada já não suportará.
O que as pessoas não pensam é que, pra acabar com o trânsito, os carros nas ruas tem que diminuir. Pra diminuir, há que ter uma migração de usuários de carro para o ônibus/metrô. Para que isso aconteça, o transporte público tem que ser MUITO atrativo pra fazer a classe média que anda em Palios, Foxes e Gols passe a andar de ônibus/metrô. E enquanto os investimentos forem somente nas duplicações e construções de vias, só o transporte de carros será priorizado.


Os investimentos tem que priorizar o transporte público. Claro que obras em vias ajudam bastante, mas a maior parte do bolo tem que ir pra construção de metrô, corredores de ônibus e o que mais me agrada: o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). O VLT são pequenos trens de superfície, elétricos que podem cruzar ruas, avenidas, ou mesmo dividir espaço com os carros. É uma espécie de bonde moderno. O VLT não polui, é bem mais barato que o metrô e sua implementação é bem mais rápida. Sua velocidade chega a 80 km/h, suficiente para transportar pessoas. Dá pra colocar um VLT no canteiro central das principais avenidas de BH. Dá até pra ligar o Aeroporto de Confins e a Praça da Estação.
Até Paris, com a melhor malha de metrô do mundo, já está apelando para o VLT, que eles chamam de TramWay. Quem já foi em Amsterdam sabe, o metrô é pouco usado, enquanto os bondes são a principal opção de transporte público na cidade.

Metrô tem seu glamour, dá aquela sensação de capital européia, há muita vaidade. Mas a realidade é outra. Os melhores metrôs do mundo começaram a ser construídos no início dos anos 1900.

Queria dar um forward pra daqui a 5 anos, ver como estará esse país e minha BH querida.
Acho que o trem-bala Rio-SP sai. O metrô de BH não, infelizmente. Se fosse um VLT, sairia.

quarta-feira, maio 20, 2009

Vale a pena ouvir (2)

Algo que tenho escutado bastante nos últimos dias. Não é novidade, mas eu não me lembrava da existência:

"Milk and Toast and Honey" - Roxette

ATENÇÃO! Esta é uma música pra se ouvir com a namorada. Solteiros, ouçam sozinhos, ou irão achar que você é gay.

Apocalipse Now

Semana passada fui ao cinema assistir o filme "Presságio". É o filme que inicia a leva de filmes apocalípticos que virão por aí. Eu sempre gostei muito deste gênero. Sempre gostei de tudo que aborda o fim do mundo. Seja por meio de alienígenas (Independence Day) ou desastres naturais (Armageddon, Impacto Profundo e O Dia Depois de Amanhã).

Presságio, estrelado por Nicolas Cage (que continua com aquela cara de TOTEM) conta a história de um Professor de Física Quântica que se vê no meio de um apocalipse quando seu filho recebe um envelope que lista, por meio de números, as principais catástrofes dos últimos 50 anos. Até aí tudo bem se não fosse pelo fato desse envelope ter estado enterrado nos últimos 50 anos em uma cápsula do tempo do colégio do garoto e que agora foi parar nas mãos do físico. Poderia ser só uma coincidência, se alguns números não indicassem que algumas catástrofes ainda iriam acontecer. E realmente acontecem.

A história assim, lida pela sinopse, é rica em elementos que te prendem completamente. Mas ao desenrolar do filme a coisa não é bem assim. O filme é um pouco lenta no começo e tenta introduzir mistério e dores emocionais ao mesmo tempo, ficando algo bem artificial. Há graves falhas no roteiro, daquelas que por alguns minutos nos faz pensar que estamos assistindo um filme B. Por exemplo uma vizinha do professor, que antes era uma estranha e em instantes trava uma batalha emocional e demonstra até uma certa intimidade nos diálogos.

Na metade do filme há uma mudança drástica de estilo. O que parecia rumar pra um suspense na onda de "A Profecia", introduz elementos extraterrestres até demais. O que vale mesmo são os efeitos especiais, estes impecáveis. Pra quem gosta de ver aviões caindo, metrôs descarrilhando e Nova Iorque (mais uma vez) sendo destruída, este é o filme.

Recomendo. Mesmo com os buracos na história é um filme que te prende e te faz pensar "o que vem depois?". Há um quê de misticismo no filme, já que a teoria nele abordada já foi discutida outras vezes, até pelos maias. O que falta no filme é identidade. O resto é diversão.

No final de 2009 estréia um dos filmes mais aguardados do ano: 2012. Pouco se sabe sobre a história, somente que ela irá abordar as profecias presentes em várias religiões de que o fim está mesmo próximo e ocorrerá daqui a 3 anos. Há um teaser bem interessante na internet, onde já dá pra ver que os desastres naturais irão voltar. E é disso que eu gosto.

Trailer - Presságio (Knowing) 2009

quarta-feira, abril 08, 2009

Saiu na folha

08/04/2009 - Folha Online:

"TV digital no celular vai explodir, aposta Globo"


Explodir? Prefiro ficar com meu Nokia velho, então. Não gosto de explosões.

Vale a pena ouvir

Dica de música.

Conheci meio sem querer, mas com a impressão de que já havia escutado aquilo. Talvez em algum comercial na TV.

"Got No Place To Go" - Gabriella Cilmi.

A moça é bonita, australiana e tem uma voz entre Anastacia e Amy Winehouse. É jovem, descolada, a música tem um quê de folk, soul e sei lá o quê. Vale a pena ouvir, de verdade.
Essa música já tocou em algum lugar, só não me lembro onde. Bem melódica, alegre, com um refrão daqueles que gruda e faz a gente cantar como se os vizinhos não existissem.

Difícil de enjoar.

É a dica da vez. As outras músicas também valem.

quinta-feira, abril 02, 2009

Pérolas do Turismo

Trabalhando no turismo ouve-se muita coisa engraçada de passageiro. A seguir, algumas pérolas que aconteceram comigo ou conhecidos (e o que eu gostaria de ter falado):

- "Alô? É do Greensystem? Tudo bem? Eu gostaria de saber qual a cotação hoje do Euro Irlandês."
O Irlandês eu não sei, mas o GREGO tá 3,25.

(Eu, mostrando no mapa) - "Então aqui fica Vancouver, na costa oeste do Canadá..."
- "Nossa! Eu achava que era o contrário, que o Estados Unidos ficava em cima do Canadá! Não sabia que era assim..."
Oi? Te dou um atlas da 4a série?

- "Alô? É do GreenSAISTEN?"
É do GreenSYSTEM, serve?

- "Eu queria estudar inglês nos EUA."
- "Claro, você tem visto americano?"
- "Ah... ultimamente não tenho visto muitos não..."
Sem comentários.

quarta-feira, abril 01, 2009

Vale a pena assistir

Vou começar a dar dicas de filmes, bandas e outras coisinhas para quem costuma frequentar esse blog.
A dica de hoje é de um filme, um dos meus favoritos. É um filme simples, com situações irreais, meloso, mas toca qualquer um tão sultimente que vale a pena:

Simplesmente Amor - Love Actually (2003)

Uma daquelas comédias românticas inglesas que qualquer um gosta. Do criador de Notting Hill e Quatro Casamentos e Um Funeral.

O elenco é estrelado: Hugh Grant (Notting Hill), Liam Neeson (Star Wars), Colin Firth (Bridget Jones), Laura Linney (Show de Truman), Emma Thompson (Harry Potter), Alan Rickman (Harry Potter), Keira Knightley (Piratas do Caribe), Rowan Atkinson (O Mr. Bean) e Rodrigo Santoro.

São pequenas histórias que se ligam através de personagens: o protagonista de uma história é irmão de uma mulher, que por sua vez é casada com um homem que é chefe de uma moça que tem um amigo que é apaixonado com a mulher do melhor amigo. Deu pra entender?
Bom, cada história mostra uma forma de amor específica. Marido e mulher, padrastro e enteado, primeiro-ministro e secretária, cantor decadente e empresário, amigo e amigo, amigo e mulher do amigo, colegas de trabalho (seja em um escritório, seja em um filme pornô), homem traído e sua nova empregada e por aí vai.

As histórias se passam todas em Londres (com exceção de 2) na época do Natal, o que contribui para a choradeira dos mais sensíveis. A trilha sonora também ajuda no sucesso do filme, que tem Dido, Maroon 5, Beatles, Norah Jones e a música mais bonita do mundo segundo Paul McCartney: "God Only Knows" dos Beach Boys.

É um filme pra assistir sozinho, com família, com namorada, com amigo, com namorada do amigo, com patrão ou com o cachorro.

Simplesmente um daqueles filmes que eu já decorei as falas, mas não me canso de assistir.

Bon Marché

Acho que a maioria dos que não lêem esse blog sabem que uma das fases mais marcantes da minha vida foi a época que vivi em Paris, com 13 anos de idade.

Para os que não sabem, essa época foi realmente um divisor de águas na minha vida, onde vivia com a metade da família em uma cidade grande, louca, e fenomenal ao mesmo tempo. Não sabia quando retornaria ao Brasil e cada dia era uma nova descoberta.

Na minha leitura diária do excelente blog Conexão Paris, me deparei com um post que me fez lembrar muita coisa boa (quase tudo o que é escrito no Conexão me lembra coisa boa, mas esse foi especial). O post lista as principais feiras e mercados de rua de Paris. Tenho uma relação íntima com um deles, o Marché du Raspail.

No início do inverno do ano 2000, um amigo brasileiro nosso que também vivia por lá pediu um favor que aqui no Brasil poderia soar bastante estranho: substituí-lo como vendedor de jornal em uma feira de produtos orgânicos (Bio, como eles falam) por uns meses, enquanto ele viajava.
Enquanto em terras tupiniquins isso é visto com bastante preconceito, no velho mundo isso é uma atividade comum que a classe média pode passar. E te digo: é possível viver assim.

Por alguns meses, todo domingo, eu, meu pai e minha irmã acordávamos bem cedo, íamos até a praça da Bolsa de Paris, pegávamos os exemplares do Journal du Dimanche e íamos pro Marché du Raspail vender. Ficávamos em pé, entre as mesmas barraquinhas sempre, de 9h às 15h (ou até acabar os jornais). Vocês não tem idéia da experiência que isso foi.

Não me lembrava qual era o endereço nem a localização certa deste mercado. Era só uma lembrança na memória. Mas o Conexão Paris me deu as coordenadas, e lá fui eu no Google Maps me esbaldar com o Street View. E não é que a foto do Street View, na altura de onde fica a feira, foi tirada exatamente em um dia de feira? Está tudo lá: as mesmas barraquinhas, os mesmos canteiros (porque eles sairiam de lá, não é mesmo?), o café dos portugueses na esquina e o pequeno jardim. O lugar exato de onde vendíamos, com uma mesinha ao lado pra colocar as moedas de franco está aqui:


Exibir mapa ampliado

Errata: Fazendo os meus cálculos, eu não ficava exatamente aí. Não me lembro dessa árvore e minha área era um pouco mais larga. O caminhão está tampando a passagem onde vendíamos os jornais. Enfim, continua sendo aí o que era a minha alegria dos domingos.

Quando cansava, sentava no café da esquina. Tomava um chocolate quente e ouvia os imigrantes portugueses discutirem sobre a última rodada do futebol europeu. Todos bigodudos.

Mas o melhor dessa história toda era as amizades que ali fizemos. Amigos de feira, obviamente. Trocávamos Jornais pelos produtos das barracas (quando os proprietários aceitavam) e tinha domingo que voltávamos para casa com a feira toda feita.
Tinha feirante que trocava jornal por um quiche de queijo, outro trocava por torta de chocolate, outro por frutas e legumes e tinha o americano hippie que trocava por Muffins (receita própria e secreta, segundo ele). Ainda lembro do cheiro da torta de cebola na chapa, dos legumes frescos e das geléias de morango.

Esse blog está meio largado, mas a minha vontade de compartilhar isso com alguém foi muito grande.

Ontem mesmo mandei um e-mail para o meu pai, avisando sobre a descoberta:

"Pai, vê se você reconhece esse lugar no Street View do Google Maps.

Uma dica:

um jornal por um quiche."

Ele obviamente conferiu e me respondeu:

"Putz, que saudade!

Um jornal por um monte de coisa: chocolate quente, pão, frutas
putz, como existem experiências extraordinárias que dinheiro nenhum
pode comprar...

Nunca imaginei que poderia morrer de vontade de ter que acordar domingo,
às seis da manhã, um frio brutal e ter que ficar de pé naquela feira.
Tudo era legal, inclusive as moedinhas sendo trocadas pelos jornais.
Grandes momentos... estão vivos na memória.

Certamente logo vamos voltar lá para tomar uma taça de vinho
naquele bar da esquina e comprar aqueles produtos maravilhosos.

Se tiver alguém vendendo jornal vou comprar 10, e distribuir entre os
amigos.

Valeu."

O Marché du Raspail será uma parada obrigatória quando puder voltar à Paris. Espero encontrar o mesmo americano louco, os franceses da torta de cebola, os mesmo portugueses preguiçosos e quem sabe, alguém ocupando o posto que (orgulhosamente) já foi meu.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Obacaxi do Abama


Capa da uol de hoje:

"Obama confirma fim da missão de combate no Iraque em 2010, mas prevê tempos difíceis para o país"

Acho que eles poderiam reescrever a manchete:

"Obama confirma fim da intromissão no Iraque em 2010, mas prevê tempos difíceis para o país"

É o abacaxi ardendo a mão, meus caros.

All over again

E hoje me deu uma vontade incomensurável de voltar a escrever.
Mas chega de sentimentos, sensações, experiências. Já vi que isso é só algo de dentro pra fora, sem interesse para 'os de fora'. Essa onda de blogs-diários já passou.
O que faz sucesso mesmo é o consciente coletivo.

Ou seja:
Você pode até escrever sobre coisas suas, mas tem de se algo que as pessoas se indentifiquem. "Já passei por isso".

O consciente e o inconsciente coletivo tocam esse mundo.

So, i'm back.